sexta-feira, 22 de março de 2013

História do sapato - do paleolítico aos dias atuais.

Se existe algo em comum entre quase todas as mulheres é a paixão por sapatos. Item indispensável em qualquer look e um artifício para julgarmos umas as outras, como diz uma pesquisa feita com três mil pessoas pelo site Gocompare. O resultado, divulgado pelo jornal britânico Daily Mail, diz que quase a metade das entrevistadas realmente julga outras mulheres pelo sapato que estão usando. Quatro em cada 10 mulheres admitiram que formam conceito sobre outras mulheres conforme o par da ocasião. E hoje, vou trazer para vocês um pouquinho da história e importância, tal como a distinção social através dos calcados, e sua evolução. A verdade é que o sapato não é importante apenas para a mulher, visto que eram [e ainda são] símbolos de status para os homens, como no Barroco, onde o salto foi difundido pelo rei Luis XIV.
As primeiras evidências da elaboração dos calcados são de dez mil a.C., ou seja, final do período paleolítico. Eles eram produzidos de fibras vegetais entrelaçadas. No apogeu egípcio, eles eram confeccionados de papiro, e nesse mesmo período foram descobertas pinturas que representavam os diversos estados do preparo do couro e dos calçados. Na Grécia, era comum as pessoas andarem descalças, todavia, os mais ricos pertenciam a nichos da sociedade que utilizavam calçados até mesmo folheados de ouro. Já os Bizâncio, com todo seu glamour, confeccionavam sapatos incrustados de pedras preciosas e bordados com fios de metal, para a nobreza, obviamente.
“Na Grécia e Roma para indicar a posição social de cada personagem, o dramaturgo grego Ésquilo fazia os autores usarem tamancos com diferentes alturas, os kothorni. Feitos de madeira e cortiça – e com uma plataforma disforme, distribuída por todo solado-, eram populares entre as prostitutas”, diz uma matéria da Aventuras na História de maio desse ano.
(O Kothorni, calcado feito de madeira e solas de plataforma de cortiça)
Na idade média, tanto homens como mulheres usavam sapatos de couro abertos que tinham uma forma semelhante às sapatilhas. Os homens também usavam botas altas e baixas, atadas à frente e ao lado. O material mais corrente era a pele de vaca. Já as botas de qualidade superior eram feitas de pele de cabra. Tempo onde a corte de Borganha evidenciou o prestigio social nos calçados de bicos chamados de pigaches ou poulaines. As regras para o tamanho do bico iria de acordo com o social da pessoa: duques, príncipes e a alta aristocracia podiam ter o bico duas vezes e meio o tamanho do pé; os cavaleiros uma e meia e já os homens ricos comuns, somente a metade do pé.
No renascimento os sapatos ganharam bicos quadrados, chamados de “bico de pato”, feitos na maioria das vezes de couro talhado. O chapim também, muito difundido nesse período, tinha como característica a sua altíssima plataforma. Foi bastante usado na República de Veneza. O objetivo do tamanho do salto ia além de simplesmente elevar a estatura, servia também para distinção social, evitando ações pecaminosas como a dança e até mesmo, a fuga das mulheres.
(exemplo de um chapim e sua enorme plataforma, que normalmente era superior a 10 cm)
E então nascem os saltos para os homens. Luis XIV, o rei Sol, cria um salto para seu próprio sapato com o intuito de ganhar estatura, pois tinha somente 1,60 de altura. Não é difícil assimilar que tornou-se moda no reinado seguinte, recebendo o nome de Luís XV, que, hoje em dia, é um salto feminino. Os saltos eram símbolos de status para os homens e mulheres na Franca e ninguém podia tem um salto maior que o rei. Foi também na corte de Luis XIV que se estabeleceu o famoso talon rouge, o salto vermelho [Christian Louboutin adorava história haha] que somente os nobres poderiam usar.
(“Talon Rouge” (salto vermelho), introduzido por Luis XIV em sua corte francesa)
A produção de sapatos começou a aumentar no século XIX, quando as primeiras máquinas começaram a surgir, facilitando a confecção do sapato, fazendo com que eles fossem fabricados mais rapidamente e, conseguintemente, tornando-se mais baratos. Diferente dos chapins, no século XIX, eram sapatinhos mais baixos e funcionais dos períodos Impérios e Romântico. Na Era Vitoriana e Belle Époque, os privilegiados são as botinhas, pois mostrar as canelas era considerado ato indecoroso. Eram feitas de couro ou tecido bordado, normalmente possuíam saltos médios com cadarço na frente.
O século XX trouxe muitas novidades aos calcados, já que os artefatos usados na confecção dos sapatos foram trocados. Assim, a borracha e os materiais sintéticos entraram no lugar do couro. Os primeiros registros de tênis para a prática esportiva datam em 1919, com a marca All Star. As sandálias voltaram à moda na década de 1920. No período de 1940, os calçados femininos obtiveram um aspecto masculino, por conta da II Guerra Mundial. Foi também nesse período, que nossa querida Carmem Miranda é reconhecida internacionalmente [além do seu talento] por suas sandálias plataformas, popularizando as sandálias plataformas criadas pelo italiano Salvador Ferragamo.
Não se sabe ao certo quem criou o salto mais cobiçado pelas mulheres e odiado pelos ortopedistas; o salto agulha [considerado pela indústria de moda o sapato feminino mais elegante]. Quem ganhou os créditos, em 1955, foi o Frances Roger Viver, que trabalhava com Christian Dior. James Dean faz sucesso com seu tênis e em 1960, os jovens comandam o mercado com suas botas de matérias alternativo e aspecto moderno. Já em 1970, o unissex explode e a bota é o grande sucesso da década. Os anos de 1980 são sérios e os aspectos de sofisticação ganham o cenário. Na última década do sec. XX, vem da Inglaterra Patrick Cox, que traz suas inovações com cores, formas e matérias. Conforto é a palavra da vez na moda e especialmente para os pés. A idéia de futuro, associado com o novo milênio apresenta aspectos de movimento, dinamismo e principalmente, conforto para os pés, em tênis com formas aerodinâmicas e matérias resistentes e leves.
UFA! Tentei sintetizar ao máximo a matéria, mas, como puderam ver, a historia e evolução desse item tão indispensável, seja para mulheres, seja para homens, é extensa e riquíssima. Sempre com importância para as épocas, sendo elas principalmente de distinção social. E hoje temos todo o conforto, a praticidade, a pluralidade e numerosas outras possibilidades de calçarmos os 52 ossos que compõem nossos pés.

 

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